O gênero survival horror clássico, com câmeras fixas e gerenciamento de inventário tenso, vive um renascimento, e Tormented Souls 2 é a prova de que a fórmula ainda funciona perfeitamente. Desenvolvido pela Dual Effect e publicado pela PQube, este título mergulha Caroline Walker em uma nova e aterrorizante jornada para salvar sua irmã, em uma experiência que refina e expande tudo o que tornou o primeiro jogo um sucesso cult. Lançado para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, o jogo se estabelece como um dos melhores jogos de terror do ano, mantendo o espírito dos clássicos de PS1 e PS2, mas com uma apresentação visual digna da nova geração.

A sequência nos leva à sombria Villa Hess, um novo cenário repleto de quebra-cabeças complexos e criaturas grotescas. A jogabilidade mantém a essência de Resident Evil e Silent Hill da era de ouro, mas com melhorias significativas no combate e na acessibilidade. Se você é fã de terror de sobrevivência e busca um desafio que respeita a inteligência do jogador, esta análise detalhada de Tormented Souls 2 é essencial para decidir se vale a pena enfrentar os horrores da Villa Hess.

Gameplay: Sobrevivência e Quebra-Cabeças Intrigantes

A jogabilidade de Tormented Souls 2 é uma ode ao passado, mas com ajustes que a tornam mais palatável para o público moderno. O sistema de câmera fixa, marca registrada do gênero, retorna, criando ângulos claustrofóbicos e momentos de tensão constante. O combate, que era um ponto fraco no primeiro jogo, foi aprimorado, tornando-se mais responsivo e estratégico. Caroline Walker agora tem um arsenal um pouco mais variado, incluindo armas que parecem improvisadas, como a pistola e a metralhadora que disparam pregos. No entanto, a filosofia central permanece: você deve evitar o confronto sempre que possível, pois a munição é escassa e os inimigos são resilientes.

O grande destaque do jogo são os quebra-cabeças. Eles são o coração da experiência e exigem raciocínio lateral e muita atenção aos detalhes. Alguns são diretos, como a necessidade de combinar itens de maneiras lógicas, mas outros são notoriamente obtusos, exigindo uma exploração minuciosa do ambiente e a leitura atenta de documentos. Essa dificuldade, embora por vezes frustrante, é intencional e recompensa o jogador que se dedica a desvendar os mistérios da Villa Hess. A inclusão de um modo Assistido, que favorece mais munição e menos agressividade inimiga, é um aceno à acessibilidade, mas sem comprometer o desafio central do survival horror.

Gráficos e Áudio: Atmosfera Imersiva e Sombria

Visualmente, Tormented Souls 2 representa um salto massivo em relação ao seu antecessor. Embora não atinja o nível de fidelidade gráfica dos títulos AAA de primeira linha, a direção de arte e a ambientação são espetaculares. Os cenários pré-renderizados da Villa Hess, que incluem um convento assustador e um distrito comercial decadente, são ricos em detalhes e evocam a sensação de terror gótico e decadência. A iluminação é usada de forma magistral para criar sombras profundas e momentos de puro pavor, remetendo ao remake de Resident Evil do GameCube.

Apesar do avanço nos cenários, os modelos humanos ainda caem no “vale da estranheza” (uncanny valley), o que pode quebrar um pouco a imersão em momentos de diálogo. Contudo, o design das criaturas e a atmosfera geral compensam essa falha. O áudio, embora não detalhado na fonte principal, é crucial para o gênero. A tensão é construída através de ruídos distantes, rangidos de portas e a trilha sonora sutil que explode em momentos de perigo, mantendo o jogador constantemente alerta.

Performance e Bugs: Uma Experiência Polida

A performance do jogo no PS5, plataforma analisada pela fonte, é sólida. O jogo se beneficia da potência do console para carregar rapidamente os ambientes e manter uma taxa de quadros estável, essencial para a imersão. A Dual Effect demonstrou ter ouvido o feedback dos jogadores do primeiro título, polindo a experiência e corrigindo muitas das asperezas. No entanto, a comunidade reportou pequenos bugs, como um problema no elevador na parte final do jogo, que pode exigir um reinício. A desenvolvedora tem se mostrado atenta, e a expectativa é que patches futuros resolvam essas questões menores.

Um elemento de design que é tanto um recurso quanto um obstáculo é a mecânica da escuridão. Ficar na escuridão por muito tempo causa dano a Caroline, forçando o uso constante do isqueiro. Embora isso adicione uma camada de gerenciamento de recursos e tensão, a falta de uma explicação narrativa mais profunda para essa mecânica, além de um aviso rabiscado na parede, pode parecer um artifício de jogabilidade um pouco forçado.

Conteúdo, Preço e Plataformas: Vale a pena o investimento?

Tormented Souls 2 está disponível para PS5, Xbox Series X|S e PC. O preço de lançamento é competitivo para um título de nicho, oferecendo uma campanha robusta que pode durar de 10 a 15 horas, dependendo da sua habilidade em resolver os quebra-cabeças. O jogo é uma continuação direta e aprimorada, o que o torna um item obrigatório para quem gostou do primeiro. Para os novatos, é uma excelente porta de entrada para o survival horror clássico, desde que estejam dispostos a aceitar a jogabilidade intencionalmente “travada” e os quebra-cabeças desafiadores.

Prós

• Atmosfera e Ambientação: Cenários pré-renderizados lindíssimos e assustadores que remetem aos clássicos.
• Quebra-Cabeças: Desafios complexos e inteligentes que são o ponto alto da experiência.
• Refinamento da Fórmula: Melhorias significativas no combate e na acessibilidade em relação ao primeiro jogo.
• Fidelidade ao Gênero: Uma homenagem sincera e bem-executada ao survival horror dos anos 90.

Contras

• Modelos de Personagens: Os modelos humanos ainda parecem datados e caem no uncanny valley.
• Obtusidade dos Puzzles: Alguns quebra-cabeças são excessivamente difíceis, exigindo pensamento muito lateral.
• Mecânica da Escuridão: A punição por ficar no escuro é um artifício de jogabilidade pouco explicado narrativamente.

Veredito: Tormented Souls 2 é o melhor survival horror clássico do ano?

Tormented Souls 2 é um triunfo para o subgênero survival horror de câmera fixa. Ele pega a base sólida do original e a aprimora em quase todos os aspectos, entregando uma narrativa mais coesa, combate melhorado e uma apresentação visual muito mais agradável. Embora mantenha a jogabilidade intencionalmente “clunky” e alguns quebra-cabeças que farão você coçar a cabeça, ele faz isso com um charme e uma paixão que são inegáveis. Para os veteranos do terror de sobrevivência, é um ato de amor que merece ser jogado. Para os novatos, é um desafio que vale a pena ser aceito.

Nota Final: 9.0/10