A Nvidia, líder mundial em chips de Inteligência Artificial (IA), desenvolveu uma nova e controversa tecnologia de verificação de localização para seus processadores de ponta, como o H100 e o H200. A medida, revelada por um relatório da Reuters, visa combater o contrabando de seus produtos para países sob restrições de exportação dos Estados Unidos, como a China.
A tecnologia de rastreamento da Nvidia é uma resposta direta à pressão do governo dos EUA para garantir que seus chips de IA mais poderosos não caiam em mãos não autorizadas, especialmente após o aumento de operações de contrabando que movimentaram milhões de dólares em hardware de alto desempenho.
Como funciona o rastreamento de localização da Nvidia?
O novo recurso é implementado como uma opção de software que aproveita as “capacidades de computação confidencial” (confidential computing capabilities) dos chips de IA da Nvidia. Ele faz parte de um novo serviço que permite aos operadores de data centers monitorar a saúde e o inventário de toda a sua frota de GPUs de IA.
A essência do rastreamento reside na telemetria da GPU, que utiliza o atraso na comunicação com os servidores da Nvidia para fornecer uma estimativa aproximada da localização geográfica em que o chip está operando. Embora a precisão não seja exata, ela é suficiente para indicar o país, ajudando a identificar o uso indevido em regiões com restrições de exportação.
Por que a Nvidia precisa rastrear seus chips?
A necessidade de rastreamento surge do cenário geopolítico e das rigorosas regras de exportação impostas pelos EUA. Recentemente, o Departamento de Justiça dos EUA desmantelou uma operação de contrabando de US$ 160 milhões envolvendo a exportação ilegal de GPUs H100 e H200 para a China. Além disso, o presidente Donald Trump anunciou que a Nvidia seria autorizada a enviar produtos H200 para “clientes aprovados” na China, mas com uma taxa adicional de 25%, mantendo o H100 e outros hardwares de ponta restritos.
A tecnologia de localização é, portanto, uma ferramenta para a Nvidia apaziguar as preocupações do governo e do Congresso dos EUA, verificando a localização de seus produtos de IA e garantindo a conformidade com as sanções comerciais.
O futuro da segurança e exportação de hardware
A introdução de um recurso de rastreamento levanta questões sobre a privacidade e a segurança dos dados. Anteriormente, a Nvidia havia sido questionada pelas autoridades chinesas sobre a existência de “backdoors” em seus chips. Na época, a empresa negou veementemente, com seu diretor de segurança, David Reber Jr., afirmando que “Não existe um ‘bom’ backdoor secreto — apenas vulnerabilidades perigosas que precisam ser eliminadas.”
Apesar da declaração, a nova capacidade de comunicação externa e rastreamento, mesmo que vaga, pode ser vista com desconfiança por governos e clientes. O software será disponibilizado inicialmente para as GPUs Blackwell, que possuem recursos de segurança e atestado mais avançados, mas a Nvidia estuda a expansão para gerações anteriores. A medida sublinha a crescente complexidade da cadeia de suprimentos de tecnologia de ponta e o papel das empresas em fazer cumprir as políticas de exportação globais.
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