Cientistas Recriam a Primeira Molécula do Universo e Desafiam Teorias Cosmológicas

Cientistas Recriam a Primeira Molécula do Universo e Desafiam Teorias Cosmológicas

Cientistas Recriam a Primeira Molécula do Universo e Desafiam Teorias Cosmológicas

Logo após o Big Bang, o Universo era um lugar simples, composto principalmente por hélio e hidrogênio. No entanto, à medida que o cosmos esfriava, uma molécula crucial começou a se formar: o íon de hidreto de hélio (HeH⁺). Recentemente, físicos do Instituto Max Planck recriaram essa molécula em laboratório, revelando que sua importância para a formação das primeiras estrelas pode ter sido subestimada por décadas, desafiando modelos cosmológicos existentes.

A Molécula Pioneira: HeH⁺ e o Universo Primitivo

O HeH⁺ é considerado a primeira molécula a surgir no Universo. Em um ambiente pós-Big Bang, com temperaturas extremas, a formação de ligações atômicas era improvável. Contudo, com o resfriamento gradual, o hélio e o hidrogênio puderam se combinar, dando origem a essa molécula fundamental. A pesquisa do Instituto Max Planck buscou entender como o HeH⁺ se comporta em condições semelhantes às do Universo primitivo, e os resultados foram surpreendentes.

O Papel Crucial do HeH⁺ na Formação Estelar

Para que uma estrela nasça, sua protoforma, conhecida como protoestrela, precisa atingir temperaturas elevadíssimas para iniciar a fusão nuclear, processo que gera a luz e o calor estelares. Normalmente, temperaturas abaixo de 10 milhões de graus Celsius tornam essa reação quase impossível. No entanto, o HeH⁺ se comporta de maneira única: ele consegue aumentar a taxa de colisões entre átomos e moléculas mesmo em ambientes muito frios, o que ajuda a aquecer a protoestrela e impulsionar o início da fusão.

“A quantidade de íons de hidreto de hélio no Universo pode, portanto, ter tido influência significativa na velocidade e eficácia da formação inicial de estrelas”, disseram os pesquisadores em comunicado.

Essa descoberta, publicada na revista Astronomy & Astrophysics, levanta novas questões sobre a criação dos primeiros astros e sugere que o Universo primitivo pode ter sido muito mais ativo do que se imaginava.

O Experimento e os Resultados Surpreendentes

No experimento, os cientistas resfriaram íons de HeH⁺ a -267 °C por aproximadamente um minuto. Em seguida, eles foram feitos colidir com átomos de deutério pesado, simulando as interações que ocorrem dentro de uma protoestrela. A expectativa era que as reações desacelerassem drasticamente em temperaturas tão baixas. Contudo, o resultado foi o oposto: a taxa de reação permaneceu alta.

“Teorias anteriores previam uma diminuição significativa na probabilidade de reação em baixas temperaturas, mas não conseguimos verificar isso nem no experimento nem em novos cálculos teóricos”, afirmou Holger Kreckel, coautor do estudo e físico nuclear no Instituto Max Planck na Alemanha.

Essa constatação corrige um ponto importante em modelos cosmológicos que assumiam a ineficácia das reações moleculares em ambientes frios. A pesquisa indica que o HeH⁺ pode ter acelerado significativamente o surgimento das primeiras estrelas, iluminando o Universo antes do que se pensava.

Implicações e Futuras Pesquisas

Além de redefinir nossa compreensão sobre a formação estelar, a pesquisa abre caminho para novas investigações sobre as interações entre íons e outros átomos no início do Universo. Combinada com as recentes descobertas do telescópio James Webb, que já revelou galáxias mais antigas e complexas do que o imaginado, essa pesquisa reforça a ideia de que o Universo primitivo era um lugar de intensa atividade.

Para ilustrar a complexidade e a beleza do cosmos, confira este vídeo sobre a formação das estrelas:

Conclusão

A recriação da primeira molécula do Universo em laboratório não é apenas um feito científico notável, mas também uma peça fundamental para desvendar os mistérios da formação das primeiras estrelas e a evolução do cosmos. As implicações dessa pesquisa são vastas, sugerindo que o Universo primitivo era um ambiente dinâmico e complexo, muito antes do que se supunha. Novas pesquisas, impulsionadas por tecnologias como o telescópio James Webb, continuarão a expandir nossa compreensão sobre as origens do nosso Universo.